19 de novembro de 2015

O Dia do Homem

Não sou daquelas pessoas que acha que um dia comemorativo deprecia todos os outros [364] dias do ano.
Gosto de dias comemorativos, dão-nos razões em barda para falar e trocar ideias sobre temas (e às vezes direitos) que por termos como garantidos, nem nos lembramos do foi preciso para os adquirir.

A mim acontece-me todos os anos, por volta do Dia da Mulher, alguém dizer-me que não percebe o porquê do dia, uma vez que não existe o Dia do Homem (não que um implique o outro).
Ah, mas existe, o meu filho (6 anos) assim que acordou disse-me logo que hoje é o Dia Internacional (não se esqueceu do "internacional") do Homem. E está num completo êxtase. Até já me disse que no Dia da Mulher me deu uma prenda (foi um desenho lindo, mas acho que ele confundiu com o Dia da Mãe)...


O Dia Internacional do Homem celebra-se desde 1999 (sim, há 16 anos, e aposto que todos os [homens] que dizem que "não acham piada a celebrar essas coisas",  hoje vão mencionar a data, e devem.). Existe para promover modelos masculinos positivos. Celebra as suas conquistas e contribuições para a sociedade. E visa promover a saúde masculina - porque eles não se preocupam tanto - e a igualdade entre os géneros.

Já agora,  vale sempre a pena, lembrar que ao longo do mês de 
Novembro são várias as iniciativas que decorrem para a prevenção do cancro da próstata.
Sobre este tema, mais informação aqui.

Homens de Portugal (e do mundo), um dia muito feliz para todos.
Para o meu pai, o meu marido e o meu filho, uma beijoca gorda e um dia em grande. 

16 de novembro de 2015

Desta ironia que nos afasta

A Declaração de Paris (1995) baseada em três artigos (18º, 19º e 26º) da Declaração Universal dos Direitos Humanos  foi assinada por 185 estados que "Alarmados pela intensificação atual da intolerância, da violência, do terrorismo, da xenofobia, do nacionalismo agressivo, do racismo, do anti-semitismo, da exclusão, da marginalização e da discriminação contra minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas, dos refugiados, dos trabalhadores migrantes, dos imigrantes e dos grupos vulneráveis da sociedade e também pelo aumento dos atos de violência e de intimidação cometidos contra pessoas que exercem a sua liberdade de opinião e de expressão, todos comportamentos que ameaçam a consolidação da paz e da democracia no plano nacional e internacional e constituem obstáculos para o desenvolvimento,(...) aprovam e proclamam solenemente a (...) Declaração de Princípios sobre a Tolerância.
Decididos a tomar todas as medidas positivas necessárias para promover a tolerância nas nossas sociedades, pois a tolerância é não somente um princípio relevante mas uma condição necessária para a paz e para o progresso económico e social de todos os povos," declaram seis artigos construídos sobre o direito à liberdade de pensamento, de consciência e religião, de opinião, de expressão e, da educação à  compreensão, tolerância e amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos.

A ironia é que foi em Paris, foi a França que quebrou as barreiras e deu  os maiores passos para a inclusão e tolerância. E é louvável, bebo desta água, rejo-me por estes valores e é assim que quero que o meu filho cresça, no respeito e aceitação da diversidade do mundo, pela liberdade de pensamento e religião, no reconhecimento do direitos e liberdades de cada um, sem qualquer renuncia a si próprio.
Não é fácil. Alimento-o de aceitação e liberdade e reconhecimento pelos direitos do próximo, e ele chega cheio de repressão, e carregado de juízos de valor sobre o que pensa quando fala sobre isso na escola. 
Funciona muito bem no papel, na prática é pior, 185 estados assinaram a Declaração de Paris e nunca, nem uma vez se pensou que a sua tolerância alimentou a intolerância de outros.
O passo foi grande mas o mundo não é todo igual. O trabalho deve ser de todas as partes, em todo o lado e com todas as idades. Não há mera migração de pessoas, em massa migram também ideias, culturas, religiões, hábitos. Migram sociedades inteiras e tudo o que isso acarreta de bom e de mau.
E não é justo, abrir as portas à intolerância e o fanatismo entrar de mão dada.
Hoje, mais do que nunca esta Declaração faz sentido. 
Para uns a raiva, e para outros, a tristeza e frustração falam mais alto e é legitimo. É importante que no fim os valores permaneçam, são eles que nos fazem ser quem somos e é por eles que lutamos.
Curiosamente em momento algum ouvi referência ao Dia Internacional para a Tolerância que se celebra hoje. 

26 de junho de 2015

Antes de morrer quero...


Por causa desta publicação (aqui), baseada neste projecto, embora com as diferenças que a idade e história de cada um implicam, foi-me inevitável pensar naquele balanço que de vez em quando fazemos das nossas vidas.

Fazer uma pausa e pensar em que ponto do caminho estamos e, optar por tentar melhorar, é sempre desejável. O problema, é quando andamos a mil, sem tempo nem espaço para carregarmos na pausa.
Ver pessoas com uma idade avançada, ainda com objectivos, aspirações ou mesmo sonhos, é, no mínimo, inspirador. Há muito pouco disso por aí, nos dias que correm. 

Quanto ao projecto original, ler as aspirações pessoais de cada um (maioritariamente gente mais nova), coloca muita coisa em perspectiva.
O que para um poderá ser algo extremamente fácil, para outro poderá ser um projecto ou objectivo de vida mais difícil de atingir. No fim, se nos fizer pensar um pouco, já é bastante positivo.

Por causa disto lembrei-me de algo (alguém ou um filme, não sei) que nos sugeria escrevermos o nosso próprio elogio fúnebre para sabermos como gostaríamos de ser recordados (algo do género "se não o fazemos pelos outros, façamo-lo pelo nosso próprio ego"), e depois, agir em conformidade.  
Parece-me ser um objectivo a considerar, não?

A publicação do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo é simplesmente maravilhoso. Espero que todos eles consigam realizar o seu sonho.

Sobre a "tradição"

Não o poderia dizer melhor.

16 de junho de 2015

Ver sem óculos

Em Novembro do ano passado tive que começar a usar óculos, sempre, diariamente. Vicissitudes da idade, já lá vão 44.
Se gosto? não, detesto. É mais uma preocupação, mais uma chatice, mais um cuidado a ter. E quando se sujam (sujam-se facilmente), incomodam mesmo. Não são como os o.b., embora se possa correr e andar a cavalo, não se pode tomar banho com eles. E toda a gente sabe que os estamos a usar...

Mas tinha que ser, não nos curam, servem apenas para nos ajudar a ver melhor e é para já, a melhor solução para não vivermos um pouco à margem do que não conseguimos ver. 
Tudo isto para dizer que há dias encontrei este pequeno filme e, como resulta mesmo, achei que era de partilhar.

Gata escondida

...com o rabo de fora

30 de abril de 2015

As notícias

Todos os dias quando chego ao trabalho ligo o computador, vejo os emails, "assino" os recibos de leitura e passo os olhos pelos jornais do dia (email com os destaques do dia  dos jornais nacionais). Todos os dias tenho o mesmo pensamento, todos os dias decido que vou anular a subscrição das notícias porque todos os dias chego ao fim do email a sentir-me mal, nauseada e à beira das lágrimas.

Questiono-me como é possível que façamos certas coisas uns aos outros.
A cada dia penso que será impossível vir a sentir-me pior, mas o dia seguinte consegue sempre surpreender-me, porque no dia seguinte, por incrível que pareça, há sempre uma notícia mais sórdida que as anteriores. É um crescendo.
Como é que nos conseguimos manter sãos? Seremos mesmo sãos?
Porque é que as notícias são assim? Porque é que os jornais vivem disto? Porque é que as pessoas consomem estas coisas?
Parece que quanto mais se noticia, mais entra pela vida, mais real se torna e mais cai na banalidade. Estaremos todos dormentes?

Porque é que teve que haver uma (reunião de uma) equipa multidisciplinar para (estudar aspectos éticos, jurídicos e sociais) para decidir se uma criança de 12 anos interrompia ou não uma gravidez [fosse essa gravidez resultante de um abuso ou "não"]. Uma criança de 12 anos!
E vivemos a pairar na expectativa e antecipação das decisões (de quem de direito??)?!?..

Estamos a ficar habituados a tudo. "Eles" que decidam! Já não nos choca se 200 ou 300 meninas são raptadas (seja para que finalidade for, são raptadas), Se mães vendem os prostituem os filhos, se pedófilos vão poder continuar a trabalhar com crianças, se filhos cortam os pescoço à mãe, se o ex-marido mata a família toda da ex-mulher, se um sujeito mata outro e lhe come partes do corpo. Desde que seja longe, não me toca a mim.
Num pais onde os homossexuais são mais discriminados que os predadores sexuais (entre eles os pedófilos) porque lhes é permitido o anonimato.

Hoje estou mesmo zangada com os jornais, porque me entristece ver o caminho que seguimos. Os jornais só noticiam, eu sei e também sei que posso escolher não ler, mas os jornais também pode escolher as notícias ou forma como as apresentam. Há uma banalização e uma dependência do chocante, do sangue, da malvadez, do cruel, do imundo que nos afasta cada vez mais do "humanismo" e da convergência que é suposto termos mais presente nas nossas vidas. Deveríamos ser nós a recusar o que não nos alinha com a verdadeira essência.  
E não, não é nenhum tipo de censura, é apenas tristeza e desagrado pelo que me faz sentir.

29 de abril de 2015

20 de abril de 2015

O Liebster Award (e um pedido de desculpas à M)

Não sei muito bem como abordar este tema e, quanto mais tempo passa, pior.
Estou em falta, estou tão em falta e não devo adiar mais porque posts perfeitos não existem, nem respostas perfeitas, nem blogs perfeitos.
E se por um lado me sinto grata, por outro, não me sinto merecedora de todo.

Há umas semanas (há mais de um mês) a M, do blog Vidas na nossa vida, nomeou este blog para um Liebster Award (aqui neste post, tudo explicadinho). Eu nem queria acreditar, há meses que esta minha viagem avança aos empurrões. É verdade que a vontade de estar sempre presente é muita, continuo a fotografar cada pequena coisa e a guardar informação quase diariamente que acho que vou logo partilhar e depois não tenho tempo e a ocasião passa e perde-se o timing. Às vezes acho que vou conseguir arranjar um bocadinho, "hoje é que é" e depois não é. 
A seguir a M aparece e fala-me do liebster award, mentalmente começo a escrever o post, O tempo continua a passar, a vida puxa por mim, eu percebo. 

À semelhança da M vou dobrar um pouco (mais) as regras, vou responder às questões porque há sempre curiosidade e respeito isso mas, não posso nomear ninguém, não agora,  não ainda. Tirando dois ou três blogs, há muito que não viajo pela blogosfera, não sei quem chegou, quem partiu. Há muito que não sei nada de ninguém, não tenho tido tempo. Sinto que devo tentar acompanhar e voltar a conhecer os blogs antes de poder nomear alguém. Parece-me ser o mais acertado.

As 5 respostas todas juntas.
A ideia para o nome deste blog não foi tão aleatória quanto o próprio nome pode sugerir. A "viagem" é o caminho que vou fazendo e partilhando aos poucos, o meu caminho, a minha vida . O "reconhecimento" vem de reencontrar ou reconhecer trilhos de outros tempos. É o caminho que fazemos tendo em conta que intuitivamente  vamos reconhecer os lugares  por onde já passámos antes, e que estamos em condições de fazer melhores escolhas.
Este caminho é parte de mim, é parte da minha vida. Numa escala de importância vem depois da família e (infelizmente) depois do trabalho, mais ou menos no lugar onde me coloco a mim. 

As viagens, fiz algumas, adoro viajar, apaixonei-me pela Suécia. Gostava de conhecer países fora da Europa mas quanto mais tempo passa, menos importância isso vai tendo dentro de mim. Talvez tudo mude quando o G for mais crescido, talvez possa viajar com ele (temos uma viagem planeada à Disney para o próximo mês mas isso é para um post diferente). Para já, a viagem da minha vida, é aquela que faço desde que o meu filho nasceu. Vejo tudo com outros olhos, o que absorvo é sempre na perspectiva de o preparar o melhor que conseguir para que ele possa passar tranquilamente pela vida. Para que ele reconheça e dê o seu contributo para ser a tal mudança que desejar ver no mundo.

Os livros. Tenho muitos livros preferidos, não conseguiria escolher só um. Os livros são outras viagens que nos ajudam na vida. Uns são o escape que nos levam a sonhar, outros são utensílios que nos ajudam com as escolhas do caminho.
Às vezes leio um livro "só" pela sua história simples, pelos lugares onde me pode levar, pelas histórias de outras personagens. Mas a maioria dos livros que leio são ferramentas que espero me ajudem a compreender o mundo. Às vezes parece que quanto mais leio, mais distante fico do objectivo. Mas, sei que o truque é (tentar) perceber as pessoas.
Neste momento estou a ler "Educar para o futuro" de PaulTough (Ed. Clube do Autor). Recomendo.
Sei que o voltarei a ler um dia. Esclarecedor a muitos níveis. Um estudo que nos explica como as forças de carácter [preseverança, autocontrolo, entusiasmo, optimismo, gratidão, curiosidade, etc] influenciam as crianças e o seu desenvolvimento. Muito bom. 

A última questão é a mais avassaladora de todas, o meu maior desejo para este ano. O meu maior desejo não é só para este ano. O que desejamos todos nós? O que desejo eu enquanto mãe, mulher, ser humano?
Indo de encontro ao livro que estou a ler, quero um mundo que vejo aos poucos começar a mostrar sinais de tolerância, generosidade, gratidão.  Pode não parecer porque as notícias só mostram os dramas mas, pequenos grandes gestos vão dando do que falar e é esse  mundo que quero ver crescer todos os dias. É esse o mundo que quero para mim, para a minha família, para todas as pessoas.

E M, desculpa. Obrigada pela nomeação. Não a mereço mas aqui vai o melhor que consigo neste momento. 

2 de abril de 2015

O forro que os coze

O G está de férias, tem estado esta semana em casa dos avós, coisa que ele adora. 
A avó (mais firme que o avô) certifica-se que ele come como deve, que toma o banho, que não abusa dos doces, e tenta pôr ordem às vontades que o avô lhe faz, enfim, aquele tratamento recomendado do costume. 
O avô é o companheiro de brincadeiras. Faz (quase) tudo o que o neto pede e, brinca com ele tudo aquilo que não brincou na sua infância.
Ontem foram os dois comprar pão. No supermercado, o G pede ao avô um ovo de Páscoa Kinder (dos grandes),o avô disse-lhe que não porque a avó depois ralhava com ele (avô). E o G pediu e pediu e pediu e o avô insistia que não porque a avó depois ralhava muito e não podia ser. Mas como sei que o avô estava desertinho de lhe fazer a vontade, não deve ter sido muito convincente nos nãos, tanto que o G saiu do supermercado com um ovo grande nas mãos.
Diz o meu pai que ele levava o ovo como a coisa mais valiosa que ele já tinha tido e ía feliz com um sorriso enorme. Às tantas virou-se para o avô e disse:
- Ai avô, vais levar tanto nas orelhas!...

27 de março de 2015

Os ciclos

Desde que o ano lectivo começou, em Setembro, que o meu filho delira por já estar no 1º andar (do edifício da escola, que é o da primária). As conversas sobre a escola vão todas invariavelmente dar ao mesmo, o facto de estar quase a ir para o primeiro ano.
Lá para Janeiro comecei a ouvir-lhe uma palavra nova: "finalista".

Ontem na reunião de pais, no meio de muitas novidades sopradas por alto para o começo do próximo ano (a apresentação da futura professora, novas disciplinas curriculares, etc), lá se falou na festa de fim de ano e, na festa (só deles) de finalistas. Só para aquela turma, só para os pais, só com as surpresas que estão a ser preparadas, só para as despedidas.
Foi-nos dito que são precisas fitas, fitas de finalistas (é verdade). Azuis claras para os meninos e cor de rosa para as meninas.

A última vez que usei/comprei fitas foi na faculdade, há 20 anos (Céus!)
Acho que nem sei bem onde se vendem as fitas.
Uma amiga falou-me de uma loja de trajes académicos e fitas que há no CC Colombo. É pertinho do escritório e dei lá um saltinho à hora do almoço. 
Pedi fitas, azuis claras.
A senhora perguntou-me qual era o curso... nem sei bem o que me apeteceu responder, o meu filho é realmente finalista, mas, do infantário...  sorri e optei pela verdade. Ainda nos rimos um bocadinho.

Falta escrever qualquer coisa bem bonita, bem inspirada para lhe ficar para o futuro. Sei que todos vão assinar nas fitas uns dos outros, sei que os professores também vão escrever e não sei mais nada. Não quero pensar muito no assunto, a não ser nas partes que nos fazem rir. 
Está quase, mais um ciclo que se completa. No outro dia lia numa parede que a vida é o que nos acontece quando estamos ocupados a fazer planos, e não é que é verdade?



25 de março de 2015

Do ensino

É bom "abrir"o jornal/revista e ver que o mundo, apesar de muita coisa, avança no bom caminho.  É bom ver que o sistema se adapta às necessidades. E mesmo longe, mais no tempo que na distância (infelizmente), a esperança fica que as mentes (menos brilhantes) que tomam as decisões por cá, se inspirem e permitam às nossas crianças usufruir das inovações de modelos vencedores. Há que abrir os olhos e deixar de ser pequenino.
Ou isso, ou pôr o puto a aprender finlandês rapidamente.

A noticia da visão: aqui
A notícia do The Independent (mais elaborada): aqui

Quando o Inverno já chateia


Só para me lembrar que, por vezes, mesmo contra todas as probabilidades, de um momento para o outro, tudo pode mudar para melhor.

20 de fevereiro de 2015

Gosto





Quando ele se chateia com a televisão e, descobre novas (e simples) formas de se encantar.

Do Dia dos Namorados



Perguntou-me como se escreve "gosto de ti pai". Mais tarde brindou-nos com estas pérolas.
Gostei especialmente do raciocínio que fez para transpor a frase para a mãe. 

11 de fevereiro de 2015

Parabéns avô



Para eles


É grande, e desde que chegou, no Natal, tem feito o maior sucesso lá por casa. Recomendamos (sem qualquer tipo de patrocínio). 
O nível de dificuldade vai aumentando, o que pode fazer com que os mais pequenos recorram àquela amiga recém-descoberta chamada batota. Mas mesmo apanhados e tendo que recomeçar, não é brincadeira que os chateie. 

Não percebo



Já muito se escreveu sobre este assunto, já muito se atacou e já muito se defendeu.
Cada um é dono do seu corpo e é livre de lhe fazer o que bem entender mas, não sendo uma questão de saúde, faz-me alguma confusão. 
Imagino-as de manhã, chegar ao espelho e... verem alguém muito diferente, questiono-me se nascerá a cada manhã uma nova sensação de arrependimento, e se isso as levará a algum tipo de inferno interior. Ou se será apenas uma questão de hábito.
É claro que cada um faz o que quer e sentir-se bem é o objectivo final. Mas no que diz que respeito à felicidade, posso estar enganada, parece-me que as prioridades estão um bocadinho trocadas, o trabalho começa sempre por dentro.
Espero que sejam felizes e que a confusão seja só da minha cabeça. A sério.

4 de fevereiro de 2015

Cantar no coro ou qualquer coisa parecida

Uma amiga nossa tem a filha no coro, e perguntou-nos se não queríamos lá pôr o G, assim poderiam ir os dois juntos (porque adoram fazer coisas juntos).
Achei a ideia engraçada e como ele gosta de cantar e até tem jeito para a coisa, perguntei-lhe:
- Olha, não queres ir para o coro?
- Coro? O que é isso?
- É onde os meninos todos juntos aprendem a cantar, e têm um maestro.
Ele pensou e respondeu:
- Mas eu não sei o que quer dizer aquele senhor com as mãos assim... - e fez os gestos que o maestro faz com as mãos a dirigir o coro.
- E quando se vai para o coro é para aprender isso também, não queres ir? Tu gostas de cantar.
Ele fez uma cara de embaraço:
- Não, eu tenho vergonha. Eu tenho vergonha de cantar com a boca aberta à frente das pessoas.
- Pronto, está bem. A G está lá e ías com ela.
- O quê? a G está lá? Ela gosta de cantar lá?- perguntou entusiasmado.
- Gosta - respondi e esperei. Não demorou muito para apresentar uma solução.
- Olha, tenho uma ideia, - disse com ar feliz -  ela canta e eu danço!

E pronto, está resolvido.

2 de fevereiro de 2015

Frases que nos ficam

"- Se te comportas assim enquanto príncipe, que tipo de rei serás?
 - Minha querida, fui educado para ser encantador, não para ser sincero!"

Into the Woods
Excerto do diálogo entre Cinderela e o príncipe Encantado(r)

No que diz respeito a contos de fadas, a verdade é que não estamos habituados a tanta honestidade.
Não deixa de ser refrescante.

28 de janeiro de 2015

Tenho um roedor em casa

A educadora tinha avisado na reunião de pais em Dezembro, todos eles têm um fascínio pelo afia. Afia-se, naquela sala, como se não houvesse amanhã.
Ela disse-nos que os estojos viriam para casa no Natal para que avaliássemos a necessidade de material (novo). Nos estojos deles vivem (12) lápis de cor, um lápis de carvão, um afia, uma régua e uma borracha.  
O estojo do G só ontem é que veio (como esteve doente...)
Acho que as imagens explicam bem o tal do fascínio pelo afia e mais, explicam bem o... nem sei bem o que lhe chamar porque acho que a palavra "vício" não é suficiente.





Assustei-me quando vi, assustei-me tanto. Primeiro foi o facto de nem perceber bem como é que ele não anda com a boca cheia de cortes e depois, quando (comecei a viajar na maionese), a dúvida era, para onde teria ido tudo o que falta?
Unhas, bonecos, roupa, marcha tudo. Na família só o avô rói as unhas. 
Lá vou eu procurar algo natural que ajude a acabar com a mania... se encontrar partilharei aqui.

Workshops de tudo


Achei piada, já não dá para ir a tempo (embora a última sessão ainda seja hoje), mas vivem-se tempos interessantes, todos temos muito que ensinar.

27 de janeiro de 2015

Apesar da mini-primavera

Com que Janeiro nos tem brindado, o Inverno ainda não chegou a meio e as noites estão tão frias.


17 de janeiro de 2015

Mudar de vida

- Mãe, quando é que vamos tirar uns dias?
- Tiras uns dias para quê?
- Para irmos de férias.
-Queres ir de férias porquê?
- Porque estou farto de estar em casa!...

Doenças que apanham períodos de férias transformam-se em tempos estranhos sem significado, sem vontade, sem alegria, sem coisa nenhuma. Tempo que não é produtivo. Necessário sim, para recuperar mas parece que a vida pára. Que continua lá fora, para os outros, mas, que nos exclui a nós.
Voltar ao normal é mais do que desejado, é essencial, é urgente. 

Pais Artistas



Com pais artistas é o que dá.
Giro, giro.
Vale a pena ver a "colecção" toda (aqui).

14 de janeiro de 2015

Sou um Homem!



Sentei o G no colo e mostrei-lhe este filme, fui traduzindo à medida que fomos vendo. Ele ria, também com um misto de "embaraço" por causa das manifestações de carinho. No momento mais duro traduzi a ordem e, no reflexo do écran, vi-lhe o rosto ficar sério. Olhou para mim porque deixou de perceber, fingi que não vi, continuou em suspenso à espera das reacções e no fim, quando tudo passou, falámos sobre como se tratam as meninas e os amigos. 
Eu, sempre que vejo, fico com uma lágrima a querer saltar, é bom saber que em algumas partes do mundo, as crianças vão crescendo saudavelmente. Também sei que noutras partes do mundo eles não hesitariam mesmo por ser para as cameras... como dizia o outro senhor, vale a pena pensar nisto.

13 de janeiro de 2015

Conversas

- Mãe, posso telefonar ao A.?
Eu ligo à mãe do A. que também já está habituada a estas conversas que eles têm que ter de vez em quando.
Eles conversam (têm os dois 5 anos):
- A., viste o episódio da Batalha do Livro?
- Do Jake?
- Sim, viste?
- Ainda não!
(Silêncio) Calculo que o meu não saiba o que dizer porque o amigo ainda não viu os desenhos animados. 
- Pergunta-lhe se ele está melhor. - Sugiro
- Estás melhor A.?
- Estou.
- Também estás a tomar o rumédio?
- Sim.
- E gostas?
- Não, sabe mal.
- Pois sabe mas eu ganho uma carteirinha de cromos sempre que tomar o rumédio.
- Ah... boa ideia!...

E pronto, calculo que a mãe do A. não atenda o telefone das próximas vezes.

12 de janeiro de 2015

Da Pneumonia e da Objectividade

A maternidade é uma injecção de maturidade que recebemos sem aviso no dia em que a criança sai de dentro de nós, ou em alguns casos, no dia em que o teste e gravidez dá positivo. É como um balde de água que nos cai em cima, e, a partir dali passamos a viver sempre molhadas e geladas e não temos nem a noção que podemos secar-nos e mudar de roupa porque não faz mal nenhum pensarmos um bocadinho em nós.

A maternidade dá-nos uma nova perspectiva sobre a vida, o futuro, e principalmente, o passado. Em menos de um fósforo, tudo aquilo em que tínhamos a certeza que sobre educação os nossos pais estavam completamente errados, altera-se. A ponto de mesmo não concordando (porque estimamos profundamente os nossos auto-infligidos traumas), reconhecemos que fizeram o melhor que sabiam, porque nos amaram.

A maternidade tira-nos a objectividade, tira-nos também o sono. Se antes, depois de um dia cansativo dormíamos tão profundamente que um comboio podia passar junto à cama sem darmos por isso, agora podemos não dormir há quatro dias que mesmo assim despertamos com uma simples respiração mais profunda da nossa cria, no quarto ao lado.
Ficamos a vê-los dormir em adoração e maravilhamo-nos com a nossa capacidade e ter criado uma tão maravilhosamente bela criatura. Não há no mundo coisa mais perfeita.
Como dizia, perdemos a objectividade. É assim que é suposto funcionar.

No dia em que a pneumonia foi detectada ao G, a médica recomendou 10 dias sem sair de casa, e sem contacto nenhum com quem quer que fosse que apresentasse sinais de gripe. Assim foi.
No trabalho perguntavam-me por ele, e eu, mãe nada dada a essas coisas de pôr o pintainho debaixo da asa, e com medo de criar uma flor de estufa, dizia que lá para o décimo dia já iria à escola. Ouvi coisas como: “oh, vê lá, está tanto frio, nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Da escola fui sabendo de outros casos que iam e vinham do médico para reavaliação. À minha volta vi mães que ao primeiro espirro enfiavam a criança em casa por três e quatro dias. E comecei a duvidar deste meu “desembaraço”. Comecei a pensar que já não era desembaraço, era imprudência mesmo.

Dez alucinantes dias preso em casa. Ao oitavo dia começa a espirrar e surge a boa da ranhoca. Ao décimo primeiro dia (sábado) sai um pouco à rua e ao décimo segundo dia (domingo) também. Surge um pouco de tosse. Injurio-me mentalmente. Que raio de mãe sou eu? Que mãe no seu perfeito juízo age como se de vulgar gripe se tratasse? Caio em mim e reconheço, o tal do “nem tanto à terra, nem tanto ao mar”. Agora retomo a objectividade e penso como uma mãe perfeita, pondero o resto do Inverno dentro de casa. Para o ano proponho à escola um período de hibernação.

É fácil perdermo-nos no exagero, mas às vezes, no meio de todo um mar de emoções, culpas, desejos, contradições, preocupações (…) é mesmo difícil perceber onde está o equilíbrio.  
Apelando a uma objectividade e a uma lucidez que nem sempre alcanço, espero ter a capacidade de fazer escolhas equilibradas no que toca ao meu filho. Seja em relação à saúde, seja em relação a tudo o resto. Afinal uma mãe perfeita nunca erra e a sua cria nunca sofre com as suas decisões… Pois!...


Seguem-se mais um ou dois dias de adaptação à verdadeira temperatura do Inverno e depois levamos com a vida real em cima que até andamos de lado. 
Tem que ser. 

10 de janeiro de 2015

Frio, muito frio


A imagem já é da outra semana mas é como se fosse de hoje. 
Quando ninguém a vê, quando ninguém a ouve, é certo e sabido que ela anda a fazer pela vida. 
Imaginamos o frio que está lá fora só de observar a gata.

8 de janeiro de 2015

2014

Ainda nos trouxe festas de anos no parque





Idas ao Teatro

Passeios na Praia


Passeios no Campo



Festas de Natal



Constatações importantes por parte da nossa criança

E uma espera quase em desespero pelo Pai Natal que nunca mais chegava

É hoje!

 É hoje, encho-me de coragem e abro o blog. Se estiver à espera do texto perfeito para recomeçar, desconfio que pode nem ser este ano.

Não é pacífico, nunca é. Estas paragens que a vida por vezes nos traz e o quanto tentamos que não interfiram com o nosso eu interior.
Mas aconteceu, a vida impôs-se e há sempre alguma parte de nós que tem que ceder. Penso nos três meses que passaram como sempre fui pensando a cada pequeno acontecimento, a cada foto, a cada conversa, houve sempre tanto para partilhar. 
Depois veio a vontade de mudar tudo, pensei começar qualquer coisa nova, começar a separar as águas... o pior é o tempo. Mas quem sabe? talvez um dia consiga, aos poucos... Pudesse eu só fazer isto.

E três meses passaram-se num piscar de olhos. 
Aniversários, marcos de crescimento, conversas hilariantes, pequenos momentos de cortar a respiração. Crescer, viver é tudo isto. Quando se é pequeno, cada minuto, cada hora é uma eternidade (e então quando se espera pela Pai Natal...), quando se é mais velho, cada ano passa a correr.
Entretanto, familiares partiram, e os que permanecem no lugar da frente estão cada vez mais frágeis. E eu penso em tudo o que vai com eles, é inevitável. Não é segredo nenhum, já aqui partilhei no quanto acredito que voltamos à vida, que a humanidade de cada um vai sendo a soma de todas as experiências, voltamos e adicionamos conhecimento até termos a "imagem completa". E cada uma dessas novas viagens começará sempre de reconhecimento, no sentido de passarmos no caminho  para nos lembrarmos que já ali estivemos. E seremos cada vez melhores.

Por estes dias uma pausa forçada permite-me o tempo suficiente para parar e pensar um bocadinho. Há sempre períodos em que somos mais contemplativos,  gosto especialmente destas fases, não das pausas forçadas, claro, refiro-me aos momentos de reflexão que nos ajudam a crescer, e me deixam espaço para vir aqui, tratar da escrita.
A pausa forçada deve-se à pneumonia que a criança cá de casa "apanhou" (como se tivesse andado a correr atrás). Dez dias sem pôr o pé na rua, e, vendo bem o frio que tem estado, não chateia muito cumprir as ordens do médico. O pior é tomar o Clavamox que até já trocámos pelo Augmentin (porque é ligeiramente mais doce mas não adiantou nada), a guerra e o desespero têm sido tão grandes que me ocorreu chantagear descaradamente a criança, contornamos as batalhas com a  mesma falta de vergonha que ele demonstra ao tomar avidamente o remédio a troco de cromos das Tartarugas Ninja. Resulta, é o que interessa.
A pneumonia apanhou-nos desprevenidos (acho que ninguém espera realmente uma coisa destas), só à segunda ida às urgências é que lhe fizeram as análises e o colocaram a soro. O raio-X confirmou.
Febres a 40º por quatro dias que me deixaram fora de mim. Quando veio o diagnóstico juntamente com o tratamento é que começámos a conseguir respirar. E apesar de tudo, dia 1 de Janeiro foi um bom começo porque foi a primeira noite sem febre.
Parece que este Inverno está mesmo a ser o do nosso descontentamento. De quantas pessoas já ouvimos nós falar que tiveram pneumonia este ano?

E 2015, para quem gosta destas coisas, dizem, será regido por Marte e a sua impulsividade... vamos ver. Todos temos as nossas guerras, pode ser que não seja nada de especial.
Ontem as notícias já nos deram conta da grande violência que parece começar a ser cartão de visita a cada chegada de novo ano. Se por curiosidade formos ver outros anos regidos por Marte... (aqui). Mas o que interessa é o mundo que vamos construindo. O passado importa lembrar para não se repetirem os erros.
Seja o que for que 2015 nos trouxer, sabemos que sairemos dele bem mais fortes.

Para já, eu e ele , resumidos à nossa insignificância na contribuição diária para o mundo, passamos o dia a ver TV, a ler histórias, a treinar letras e números, a colar cromos e a melhorar.
Este Janeiro não vai ser como os outros, parece-me que vai passar bem depressa.

Primeiro desejo (egoista) para o novo ano: ter tempo para vir todos os dias ao blog.