16 de novembro de 2015

Desta ironia que nos afasta

A Declaração de Paris (1995) baseada em três artigos (18º, 19º e 26º) da Declaração Universal dos Direitos Humanos  foi assinada por 185 estados que "Alarmados pela intensificação atual da intolerância, da violência, do terrorismo, da xenofobia, do nacionalismo agressivo, do racismo, do anti-semitismo, da exclusão, da marginalização e da discriminação contra minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas, dos refugiados, dos trabalhadores migrantes, dos imigrantes e dos grupos vulneráveis da sociedade e também pelo aumento dos atos de violência e de intimidação cometidos contra pessoas que exercem a sua liberdade de opinião e de expressão, todos comportamentos que ameaçam a consolidação da paz e da democracia no plano nacional e internacional e constituem obstáculos para o desenvolvimento,(...) aprovam e proclamam solenemente a (...) Declaração de Princípios sobre a Tolerância.
Decididos a tomar todas as medidas positivas necessárias para promover a tolerância nas nossas sociedades, pois a tolerância é não somente um princípio relevante mas uma condição necessária para a paz e para o progresso económico e social de todos os povos," declaram seis artigos construídos sobre o direito à liberdade de pensamento, de consciência e religião, de opinião, de expressão e, da educação à  compreensão, tolerância e amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos.

A ironia é que foi em Paris, foi a França que quebrou as barreiras e deu  os maiores passos para a inclusão e tolerância. E é louvável, bebo desta água, rejo-me por estes valores e é assim que quero que o meu filho cresça, no respeito e aceitação da diversidade do mundo, pela liberdade de pensamento e religião, no reconhecimento do direitos e liberdades de cada um, sem qualquer renuncia a si próprio.
Não é fácil. Alimento-o de aceitação e liberdade e reconhecimento pelos direitos do próximo, e ele chega cheio de repressão, e carregado de juízos de valor sobre o que pensa quando fala sobre isso na escola. 
Funciona muito bem no papel, na prática é pior, 185 estados assinaram a Declaração de Paris e nunca, nem uma vez se pensou que a sua tolerância alimentou a intolerância de outros.
O passo foi grande mas o mundo não é todo igual. O trabalho deve ser de todas as partes, em todo o lado e com todas as idades. Não há mera migração de pessoas, em massa migram também ideias, culturas, religiões, hábitos. Migram sociedades inteiras e tudo o que isso acarreta de bom e de mau.
E não é justo, abrir as portas à intolerância e o fanatismo entrar de mão dada.
Hoje, mais do que nunca esta Declaração faz sentido. 
Para uns a raiva, e para outros, a tristeza e frustração falam mais alto e é legitimo. É importante que no fim os valores permaneçam, são eles que nos fazem ser quem somos e é por eles que lutamos.
Curiosamente em momento algum ouvi referência ao Dia Internacional para a Tolerância que se celebra hoje. 

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