José Francisco Teresa |
Pai da minha mãe, alentejano, com quem tive o privilégio de ter boas conversas sobre os tempos antigos.
Das aventuras que viveu, das estradas que construiu (sim, troços da estrada para o Algarve - a antiga -tem por lá muito suor deste senhor), de quando pulava pelos quintais para fugir dos castigos das diabruras que cometia, da fome que passou, das saudades que tinha da mãe.
Vidas. Muito se passa sem que aparentemente isso contribua para o girar do planeta. Mas as emoções sempre existiram, as dificuldades, os desafios, as dores, os medos. Um dia foram crianças e a velhice estava-lhes tão longe como a lua.
Não sei se ele já por cá anda outra vez, penso nisso muitas vezes, acredito piamente que não acabamos na morte, isso não faz sentido nenhum.
Se calhar o meu avô é agora o meu filho e um dia vou contar-lhe as histórias que o meu avô me contava e se calhar isso vai ajudá-lo numa qualquer decisão da sua vida. Vai saber que vem de gente pobre, trabalhadora, sofrida e isso talvez lhe dê a força necessária para um dia destes superar uma qualquer etapa dificil.
E quem sabe, nesta nova evolução que atravessamos, nos comecemos aos poucos a lembrar de pequenas coisas de passados longinquos, de quem fomos, do que fizemos, e com essa experiencia que nos vamos lembrando, as escolhas se tornem muito mais óbvias, o medo deixe de ter razão de existir e a vida tome um rumo surpreendente. Quem sabe?
De qualquer modo é a olhar para estas imgens, fotografias que lhes fiz, que penso nisso. Não foram pessoas distantes, foram pessoas cujas vidas partilhámos, de quem sabemos bastante mas que nestas alturas queríamos saber mais. Foram pessoas que me deram vida. São pessoas que estão sempre presentes, e, de quem tenho muitas saudades.
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