10 de julho de 2012

Evolução

Homem que é homem faz xixi de pé, e o meu filho como futuro homem que é, já lhe apanhou o jeito.
Há cerca de duas semanas (+/-) que se recusa determinantemente a fazer xixi sentado. O bacio é para os cocós e só porque não os pode fazer de pé.
Há cerca de duas semanas percebeu que ficava em boa posição no bidé (!) é chegar a correr mesmo em cima da vontade, baixar caças/calções e cuecas e vamos então que se faz tarde.
Depois tem a torneira, a torneira é todo um outro mundo, a torneira é a porta de entrada (e saída) para o mundo - ali - acessível e irresistivel da água!
Faz xixi e abre a torneira para lavar o xixi e depois, depois tem que lavar as mãos, o frasco do sabonete (líquido) já habita nesta cota mais baixa e assim ele trata sozinho de si próprio, é independente e sente-se bem.
E eu, admito, é mais fácil lavar o bidé que o bacio...

Mas a finalidade deste post é outra, é muito mais global e profunda.
Um dia da semana passada, estávamos só os dois em casa,  lá foi ele a correr e eu, supervisionar. Quando terminou o seu xixi quis lavar as mãos mas, antes de abrir a torneira já lá tinha a mãozita bem encostada, conclusão, água a voar em todas as direcções. "Passei-me dos carretos":
- G, não acredito, olha o que fizeste, que chatice é sempre a mesma coisa, é só disparates! - e dei a ordem - Sai já daqui!
Ele, zangado, agarrou na porta, fechou-a com força e disse:
- Não! Vou ficar aqui contigo!
E lá fomos nós numa escalada.
- G, faz o que te digo, sai! Agora vou ter que limpar isto tudo!
- Não! Estou zangado contigo!
- Estás zangado comigo? Eu é que estou zangada contigo, estou irritada!
- Eu estou irritado contigo!
- G _ _ _ _! (disse o nome dele por silabas, para dar o tal ênfase) - e virei-me para ele com uma cara séria.
Ele encarou-me também com uma cara séria. Ficámos assim uns segundos e a seguir ele abraçou-se a mim e eu a ele.

A mil à hora as imagens sucederam-se na minha cabeça. Aprendi ali algo naquele momento e entreguei-me ao sentimento.
Li há algum tempo um facto interessante sobre a nova energia e as crianças da nova era. Dizia o autor que antigamente, na velha energia, quando os pais discutiam as crianças fugiam, refugiavam-se no quarto, debaixo da cama, no armário, etc. Agora, na nova energia, eles não só ficam no mesmo sítio como interrompem e dão ideias de como resolver as situações.
Na altura isso fez-me rir, emocionou-me até. Hoje isso faz todo o sentido, não só ele não cedeu (recusando-se a sair) como conseguiu transformar todo o drama e zanga que tomavam já conta de mim.
Obrigada meu amor, foi um privilégio.

1 comentário:

ideias caídas das nuvens