6 de julho de 2012

Análises, avaliações, resultados e conclusões... de mãe

Faço (fazemos todas, acho eu) muitas vezes o exercício de pensar um bocadinho no caminho que "as coisas" tomam, parar de vez em quando e tentar perceber se estou a agir bem, se estou a ser justa, se é correcta ou clara alguma atitude que tomei em determinada situação.
Tento não me deixar levar (sem sucesso muitas vezes) pelo lado pior de vida, trabalho, trânsito, maus humores envolventes, cansaço, stress, etc.
Tento, sempre que há algo que tem mesmo que ser feito, mediar a situação cá por dentro, se é mais importante que o meu filho estar a fazer aquilo, claro que não, o meu filho será sempre o melhor e o mais importante da minha vida mas, inevitavelmente, porque somos como somos - humanos cheios de defeitos e prioridades forçadas/erradas - ele passa algumas vezes para segundo plano.

Ontem à noite foi um desses momentos, estive a arrumar a cozinha, a máquina acabou de lavar a roupa - tinha que a estender, tinha que passar a ferro e já estava tão cansada e cheia de sono...
E ele de volta de mim o tempo todo a pedir colo, a pedir companhia, a pedir mãe, e eu respondia "só mais um bocadinho, a mamã vai já..."
Despachei o que tinha a despachar mas aquele bocadinho de carinho, de proximidade, o momento de ir para a cama,  o bocadinho do ninho, perdeu-se.
Claro que a culpa pesa.

Hoje é um novo dia, e hoje será diferente porque o "hoje" (à noite) está inteirinho guardado para ele.
E assim seguimos e vamos tentando compensar, na esperança ou engano de que eles não se vão lembrar, que já passou e que conseguimos sempre compensar  tudo (por cima do que está feito).

Claro que sobrevivem, como eu sobrevivi, como os filhos dos nosss filhos sobreviverão, mas, a sensação de um trabalho bem feito como mãe, essa, enfim...
Não há mães perfeitas, eu sei, ou se calhar há, dentro de cada uma das suas imperfeições.
A culpa pesa mas também eu sobrevivo e a lição está em não nos deixarmos abater nem mutilar por isso, e, tendo presente, não permitir  que aconteça da proxima vez, e cumprir, de vez em quando.

Faço este exercício e deixo a culpa pesar um bocado porque não tenho força para a sacudir e depois continuo, já mais separada desse sentimento reencontro o momento perdido e faço-o valer por dois.
E penso, como todas as mães pensam, que pelo menos paro e penso e analiso e medeio e avalio e tento ser a melhor mãe do mundo, isso deve valer qualquer coisa, não?

Sem comentários:

Enviar um comentário

ideias caídas das nuvens