14 de maio de 2011

Tremo só de pensar

Gravura Alemã do séc. XVIII - no Museu da Cidade

Aquilo que um sismo de 5.2 fez em Lorca, que (de acordo com os jornais) sendo mil vezes mais pequeno que o do Japão, afectou quase 80% das casas, faz-me tremer só de pensar no dia em que chegar a nossa vez.
É "geral", toda a gente sabe e não há dúvidas que ele virá, e os edifícios que sobreviveram há (mais de) 250 anos a um terramoto daquela intensidade (presume-se 9 na escala de Richter, o Japão foi de 8,9), com paredes de cerca de 1m de espessura, poderão já não sobreviver hoje (já nem falo dos edificios mais recentes). A diferença é que um sismo de 5,2 no Japão provavelmente não deitaria a baixo 1/5 daquilo que ruiu em Espanha.
Falo da construcção, claro.
Talvez valesse a pena começar a construir de outro modo, a pensar na prevenção. Porque para o mal sem remédio a única coisa que nos vale é mesmo a prevenção (e isto aplica-se a tudo).
Porque é natural, é da natureza, não há como evitar e mais ainda gora nesta fase mais quente que o planeta atravessa, toda a água proveniente do degelo, a quantidade de gelo que tem vindo a derreter, é um peso (que eu nem consigo ter noção do que representa ou mesmo de como é que se calcula) tão desmesuradamente maior que ao espalhar-se pelo planeta, vai originar adaptações da crosta, reacções à sua redistribuição. É da natureza, é lei!
E não, não acredito no exagero que existe à volta do aquecimento global. O planeta sempre atravessou fases só que agora mais documentadas que nunca. Mas sou (e muito) pelo planeta, não há dúvida que a poluição é "má" e no fundo, no fundo, estamos a matar-nos a nós próprios. A natureza é resiliente e sobreviverá, muito para além na nossa existência. Se estragarmos o planeta para a vida humana, assim que desaparecermos, a  natureza recomeçará, e com o bónus de já cá não estar a praga, a doença que a atacou.
Visto assim friamente parece tudo tão simples, mas nós somos o bicho invasor, a natureza e o planeta já cá estavam há milhões de anos e o que temos a fazer é aquilo que eu me lembro de nas aulas de Ciências da Natureza classificarmos como Simbiose, uma relação ++, positiva para ambos (que na verdade é o que todas as relações deveriam ser).
É claro que tenho receio, ainda por cima a trabalhar na Baixa. Lembro-me muitas vezes dos mapas de Lisboa de 1755, os desenhos da destruição, os incendios... "as águas do Tejo que galgaram as paredes (do cais) e avançaram pela Baixa a dentro un 300 a 400 metros. (...)Sò ás 7 da manhã do dia seguinte é que a maré voltou ao normal." (in - "1755 O grande  terremoto de Lisboa", Ed Público 2005)...
Trabalho bem pertinho da Praça do Comércio...
E é melhor mas é não falar mais sobre isto, porque "quando se fala no diabo, aparece-lhe o rabo."

Sem comentários:

Enviar um comentário

ideias caídas das nuvens