É de facto abismal a diferença que 30 anos provoca em tudo, quanto mais no ensino. Lembro-me de a minha mãe dizer, quando eu era miúda e estudava ainda no (que é hoje o) ensino básico, e ela falava no que aprendia: os rios, as serras, as 11 provincias de Portugal e as suas capitais, coisas que nós aprendemos também. Falava na quantidade de exames que fazia, que para começar tinham logo a admissão ao liceu. E era a doer (em vários sentidos).
Hoje em dia, vamos vendo e vamos ouvindo falar do que se vai passando. E fico... siderada.
Este post fez-me lembrar Aldo Naouri que no prefácio do livro Educar os Filhos (Livros D'Hoje), diz:
"...[no panorama Francês] no seio do qual o louvável ideal democrático entende dar a mesma oportunidade a todas as crianças, sem excepção. A questão que, desde logo, importa levantar é a de saber se devemos manter no ensino um nível de qualidade que produza forçosamente excluídos, ou se o devemos nivelar por baixo(...)".
Mais à frente ele acrescenta:
"É a experiência que dá a reposta certa, pondo em relevo que o que é comum a todos os casos é uma falha de educação precoce (...) da bagagem que a criança dispõe para encontrar o outro, e os outros, sem medos e sem surpresa, e fazer a experiência do vínculo social com as suas vantagens, mas também com as suas contrariedades, à cabeça das quais se apresentaria a relação com o esforço."
Provavelmente utilizarei este livro para futuras referências. Acho que qualquer pai/mãe que tenha crianças pequenas, lhe deveria dar uma olhadela. Põe em perspectiva uma série de pontos interessantes. Ainda que fale no exemplo Francês, está muito actual e também muito ao nosso alcance. Assim haja por cá quem se preocupe e se proponha alterar as coisas. Estamos mesmo a precisar.
Tudo isto engloba também a questão da agressão das "miúdas" que faz agora a manchete das notícias e anda aí por todo o lado. Devo confessar que como mãe, não consegui ver o filme até ao fim (nem sei se o vi até meio) e digo e afirmo que não sendo já a primeira, nem a segunda, nem a terceira, nem a "por aí adiante" vez da violência deste género e passividade de quem observa, espero sinceramente (com toda a força, e faço muitas figas por isso) que seja aplicado um castigo exemplar, mas exemplar mesmo!
Não há direito que com medo de magoar, e melindrar, e traumatizar os meninos, se perpetuem comportamentos destes. Umas boas "galhetas no focinho" que deveriam ter tido a tempo e horas teriam evitado tudo aquilo que se passou e se está a passar. E os pais deveriam também ser responsabilizados, as escolas são o complemento da educação que se dá em casa (e vice-versa), não pode haver demissão nem responsabilização das escolas pela parte dos pais (até porque sabemos todos muito bem o estado em que as escolas andam). Há "trabalho" que tem que ser feito em casa. Por acaso também se chama educação, mas de outro tipo.
E se pareço "dura", só tenho a acrescentar que me estou a conter (muito).
Estas coisas revoltam-me, estou tão zangada!
"O grande segredo da educação pública de hoje é sua incapacidade de distinguir conhecimento e sabedoria. Forma a mente e despreza o caráter e o coração. As conseqüências são estas que se vê."
ResponderEliminar...e mais nada.