23 de maio de 2011



Estas duas fotografias têm quase um mês de diferença, sendo a segunda desta manhã.
Costumo encontar esta pessoa quase todos as manhãs. Uns dias passo eu primeiro e ele não está lá, outros, eu passo e vejo-o na sua contemplação.
Esta manhã, foi diferente. Podia jurar que chorava, os carros não deixavam ouvir mas os movimentos das mãos e o sacudir do corpo quase não me deixaram dúvidas.
Parei, mas, o receio, o achar que me intrometia, a incapicidade de poder dar uma resposta levaram a melhor. Esperei, vi-o discutir com ele próprio.
Virei costas e segui com a minha vergonha.
Ele tem com certeza alguma lição a aprender e eu, eu também.

Porque tudo aquilo que tomamos como certo, todas as bases e todos os suportes que sempre lá estiveram podem desaparecer um dia, e de um momentopara o outro.
A vida é tão precária e tratamo-la como se fosse a mais sólida das construções, achamos que suporta todo o peso que lá quisermos colocar.
E trazemos tantas, tantas lições para aprender.

2 comentários:

  1. parafraseando miguel esteves cardoso num livro fantástico "a vida é simples e fácil de perder (...)'. o resto da frase já não se adequa, isto é um blog familiar. :)

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  2. "Por muitas voltas que o mundo dê ao redor do Sol e sobre si próprio, acaba sempre por palmilhar os mesmos lugares como um servo fiel de uma ordem desconhecida e, embora o caminho seja sempre o mesmo, dia após dia, noite após noite, ano após ano, a esfera azul está sempre diferente.
    A vida imita esta rotação e translação dando voltas sobre si mesma e ao redor dos outros, trilhando os mesmos lugares mas numa evolução permanente, mutável, móvel, ignóbil."

    in "A Mentira Sagrada"

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