Um calor aconchegante envolve-nos. No ar o perfume da natureza é intenso, escolho uma laranjeira e sento-me à sombra.
Um mundo de azáfama cobre cada uma das árvores e fico a ver o vai e vem dos insectos.
Os pássaros mais ao longe e os insectos bem perto de mim são os únicos sons presentes. As cores vivas e metalizadas de alguns bichos despertam-me a atenção. A natureza é brilhante.
Fecho os olhos e inspiro tudo, sinto-me desperta e feliz. É de manhã, por isso a moleza ainda não anda por perto.
Vesti uma t-shirt, uns calções e calcei chinelos. Há uma eternidade que não vestia algo tão leve, o corpo agradece. Está um dia de verão.
Ao longe, na vila, a sirene dos bombeiros toca o meio dia. Preparamos uma mesa na rua e almoçamos as ervilhas que colhemos ontem ao final do dia.
O sol forte queima e agora sim, a moleza instala-se.
Ficamos na mesa à conversa.
Este ano faltam membros da família, somos cada vez menos. Falamos deles, recontamos histórias e assim permanecem connosco.
A única intranquilidade cá dentro prende-se com a viagem que ainda temos que fazer para Lisboa, nem falamos disso para fingir que não existe. Deixamos o tempo passar.
Está um dia de verão.
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