29 de agosto de 2014

É proibido


Nestas férias a criança cá de casa passou bastante tempo com os avós. Dos muitos passeios que fizeram a três, com a atenção centrada nele, resultou uma aprendizagem bastante extensa, senão completa, de todos os sinais de trânsito. Agora é andar na estrada e ele constantemente a debitar conhecimento. Admito que acho muita piada, afinal a criança só tem 4 anos e já sabe a lengalenga toda de cor. 
Hoje, quando ganhou a caixa de (3) ovos de chocolate, feliz da vida admirou-a de todos os ângulos. Quando a virou ao contrário maravilhou-se e exclamou:
- Mãe olha, proibido ficar triste!
Uma ternura.

O Museu do Brinquedo

Era algo que queríamos muito fazer, visitar o museu antes da sua morte anunciada.
Gostei de rever muitos dos brinquedos que chegaram a fazer parte da minha infância. Mas acho que este espólio cujo destino (após dia 31) desconheço, merecia mais. Merece estar exposto, merece ser visto e merece um espaço melhor. O Museu do Brinquedo estende-se por três pisos sem grande espaço para exposição, algumas vitrines estão de tal modo cheias que a atenção se perde na confusão, nem dá vontade de ficar a olhar. 
As pessoas que lá trabalham pareceram-me revoltadas e já sem vontade. 
Não sei se existe esperança para os brinquedos, espero que sim, afinal pelos brinquedos compreendemos a sociedade, compreendemos a evolução da educação e dos costumes. A brincar as crianças sempre reproduziram os comportamentos que viam nos pais/familiares. Que melhor espelho podemos nós querer para nos conhecermos melhor?
Ficam algumas fotos da visita, pode ser que aguce a curiosidade. O piolho cá de casa ficou fã.









E peço desculpa pela qualidade das imagens mas, continuo a contar só com o telefone. Os brinquedos merecem bem mais. O museu fecha as portas no domingo (31).

21 de agosto de 2014

Fomos a Belmonte


Parece que Belmonte está na berra. Fomos lá passar dois dias. Aproveitámos a última noite da feira medieval e passámos os dias com o rabo no Zêzere. 
Para quem nunca lá tinha ido (como eu), recomendo. É lindo, ficámos rendidos. A paisagem é de perder o fôlego, e eu, com as duas máquinas variadas (as duas!) senti-me tão...  tão...  tão miseravelmente inútil!
Ficam as imagens que ainda no inicio consegui recolher e valeu-me (+-) o telefone.

Os dois "passarinhos" que se vêem aqui logo no início, eram (cada um) bichinhos para vários quilos e com um tamanho de assustar o mais distraído dos mortais.
Muitos jogos de época (ou nela inspirados) e muito muito artesanato.
Muita alegria, muita luz, muita cor, muita gente.

A feira




Um pouco da paisagem [pela lente do telefone :(] e a praia fluvial .




Para fugir à cidade, é do melhor.

17 de agosto de 2014

A primeira semana

Entrar de férias a partir da segunda semana de Agosto faz-nos sentir como se não pertencesse-mos ao mundo dos mortais. Os supermercados estão cheios de "regresso às aulas", a roupa nas lojas é já toda em tons de castanhos, bordeauxs e azuis escuros, olho em volta e não vejo nada leve, esvoaçante e colorido, não vejo chinelos nem bóias nem chapéus de sol, nada que me faça sentir aquela leveza de estar finalmente no Verão, de férias. Até o sol se recolhe mais cedo, a cor do entardecer traz já o seu tom dourado a anunciar a estação que se segue.

Bem lá no fundo, não fujo à regra, a primeira semana foi passada a tratar da casa. Acho que vou morrer enterrada em caixas, caixotes, pilhas de livros e sacos de roupas que já não servem. 
O terraço do vizinho de cima já foi arranjado, os tectos cá de casa retomaram a sua cor original (mas não por artes mágicas), todo o escuro da humidade se foi e agora é só mais um bocadinho de coragem para terminar a epopeia, mudámos o puto para um quarto maior. Tínhamos (e temos) um quarto extra que (à falta de ocupante) destinámos a ser o escritório, era maior que o quarto do G e como tinha um isolamento melhor, trocámos. 
Conseguimos realmente enfiar o Rossio na Betesga, não foi fácil, mas ver o piolho com um quarto espaçoso fez-me sentir vitoriosa e recompensou-me o esforço.
A Mia (a gata) acha que o quarto é dela (afinal era a única que não tinha quarto...), ocupou-o desde o primeiro momento. Rebola-se no chão, rebola-se no tapete e dorme profundas sestas. Noutras alturas encontro-a à janela, absorta, a ver o mundo por uma nova perspectiva. E ali fica. Sempre que a vou tirar de lá, regressa à primeira oportunidade. O G não se importa de partilhar. Vamos ver no que isto dá.

Restam duas semanas, muita coisa para arrumar ou simplesmente dar destino. A casa no seu todo parece... uma zona de guerra. O meu filho gosta de espalhar os seus jogos, livros e brinquedos por onde passa. Estamos em pleno processo de a aprendizagem do conceito de arrumação. Quando lhe peço ajuda para arrumar a mesa da sala (cheia de brinquedos dele) ele responde "Mas ó mãe, isto fica tão bem aqui!" 
(suspiro) Vai ser longo!


1 de agosto de 2014

Não parece...

... mas é Verão.














No Verão tudo se passa calmamente, até o tempo demora um pouco mais. 
Vejo as fotos do meu filho no Alentejo e lembro-me dos meus Verões de miúda, dos três intermináveis meses de férias e de todas as aventuras que inventava para me entreter. Lembro-me sempre de me sentar em cima das calhas velhas da rega para ficar mais perto das ameixas e encher a barriga de fruta directamente da árvore. A água passava, e o som que fazia era a única coisa que se ouvia.
E as melancias, as melancias de vários quilos que nasciam por lá. O meu tio Eduardo (tio avô) tinha um orgulho, acho que por estes dias de Verão inchava tanto como elas. Toda a gente lhe conhecia as melancias. 
Pelo fim de Agosto a chuva aparecia e perfumava a terra inteira, era uma chuva rápida e refrescante, eu tinha sempre a desculpa de ajudar a tapar a palha (para não apodrecer) para andar à chuva. 
Andava muitas vezes descalça, tomava banhos no tanque grande (da rega), aprendi a ordenhar, aprendi a conhecer as plantas, aprendi a respeitar os ciclos. 
Nunca me apercebi do tanto que estas férias me davam até ter ficado alguns anos sem lá ir (de férias) e depois voltar. Às vezes tenho vontade de voltar de vez, como se tudo aquilo fosse parte de mim e também as minha raízes lá tivessem ficado plantadas na terra. 
Este sitio onde passei a minha infância, perdi-o de vista lá pelos 15 anos quando os meus tios-avós se mudaram porque o dono quis vender a quinta, as minhas memórias pertencem um pouco a outro lado mas vivem com muita força dentro de mim. Talvez um dia passe por lá para ver se ainda existe, se tiver coragem.
Entretanto, o Verão finge demorar-se, estende-se, entorpece-nos os sentidos e achamos que vai durar para sempre. Até nestes dias menos quentes, o "frio" não pede casaco, o chuvisco não pede guarda-chuva, não incomoda tanto. Estamos mais em sintonia, protegemo-nos menos, somos mais saudáveis. 
Não parece mas é Verão.